Confira a íntegra da gravação que
levou Delcídio Amaral à prisão
Participam do diálogo, num hotel de Brasília, o filho de Nestor Cerveró, Bernardo, o advogado Edson Ribeiro, o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, e o próprio senador.http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/lava-jato/confira-a-integra-do-audio-que-levou-delcidio-amaral-a-prisao/
Teori Zavascki nega soltar André Esteves e determina transferência para presídio
BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quinta-feira, 26, pedido da defesa de André Esteves, do BTG Pactual, para revogar a prisão do banqueiro e determinou a transferência do executivo para o presídio Ary Franco, no Rio de Janeiro.
Esteves foi preso nessa quarta-feira, 25, suspeito de obstruir as investigações da Operação Lava Jato - assim como o senador Delcídio Amaral (PT-MS) - por tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, com base em conversas gravadas pelo filho de Cerveró, o senador petista ofereceu uma mesada de R$ 50 mil para evitar que ex-diretor da Petrobrás mencionasse o congressista e o BTG Pactual em eventual acordo de delação premiada. A verba seria financiada por André Esteves, segundo as conversas entre o parlamentar, o então advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, e o filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró.
O advogado de Esteves, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, alegou ao STF que a prisão temporária do banqueiro foi baseada "única e exclusivamente" na fala de Delcídio. Ele nega que conheça Cerveró, o filho do ex-diretor ou o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ribeiro. De acordo com o criminalista, Esteves conhece Delcídio assim como tem contato com outros parlamentares. O banqueiro nega também que tenha tido acesso à minuta de delação premiada de Cerveró. Em conversas, Delcídio disse que o banqueiro tinha cópia do que o ex-diretor iria delatar ao Ministério Público.
A prisão temporária expira no domingo, 29, podendo contudo ser prorrogada ou convertida em prisão preventiva. O conteúdo da decisão de Zavascki ainda é mantido sob sigilo.
Os pareceres sobre os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff estão prontos, disse nesta quinta-feira o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que afirmou também ser "possível" que decida sobre esses pedidos até segunda-feira.
Cunha havia afirmado anteriormente que despacharia todos os pedidos de impedimento da Dilma até o final deste mês e, indagado nesta quinta se o prazo estava mantido, lembrou que o mês acaba na segunda e adotou ar de mistério sobre se cumprirá o prazo.
"Novembro ainda não acabou. Quem sabe segunda-feira? Novembro acaba segunda, não estou ainda inadimplente, você pode cobrar a partir de segunda", disse o parlamentar.
Questionado se, portanto, decidiria sobre os pedidos de impeachment até a próxima segunda-feira, Cunha respondeu: "É possível, é possível".
Cabe a Cunha, como presidente da Câmara, dar ou não andamento a um pedido de impedimento da presidente.
Entre os pedidos pendentes de análise está o elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal.
Essa peça tem o apoio da oposição e é baseada, entre outros pontos, nas chamadas "pedaladas fiscais", já condenadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e em indícios apontados pelo Ministério Público junto ao órgão de contas de que essas manobras tiveram continuidade neste ano.
Cunha rompeu com o governo Dilma depois de ser acusado por um delator da Lava Jato de ter recebido 5 milhões de dólares do esquema de corrupção na Petrobras.
Ele é alvo de denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) por conta dessa acusação e também responde a inquérito, autorizado pelo Supremo, por conta da existência de contas bancárias em seu nome e de familiares na Suíça.
Responde ainda a um processo que pede a cassação de seu mandato no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro, acusado de mentir em depoimento à CPI da Petrobras quando negou ter contas no exterior. Documentos dos Ministérios Públicos do Brasil e da Suíça apontaram a existência das contas no nome do peemedebista no país europeu.
Está doendo até agora', diz petista que votou por manter Delcídio preso
BRASÍLIA - Em troca de mensagens por um aplicativo de telefone, os senadores petistas Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA) mostraram-se consternados mesmo depois de terem votado pela manutenção do colega de partido e líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (MS), preso após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Paim e Pinheiro foram os únicos da bancada que contrariaram a orientação da bancada e defenderam que Delcídio deveria permanecer em detenção preventiva durante votação ontem à noite no plenário do Senado.
"Foi duro, mas foi acertada a nossa posição", disse Walter. "De fato, está doendo até agora", respondeu Paim, ao acrescentar à mensagem um coração partido. Por 59 votos a favor, 13 contra e uma abstenção, os senadores entenderam numa votação aberta que Delcídio tem de permanecer preso. Ele é suspeito de tentar evitar que o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró o implicasse numa delação premiada da Operação Lava Jato.
Nesta quinta-feira, 26, Paim disse que, diante das evidências reveladas pela documentação encaminhada pelo Supremo ao Senado, "não tinha alternativa" se não a manutenção da pena do colega de bancada. "Ninguém aqui contestou o dossiê, infelizmente é lamentável o documento que chegou aqui, ficamos constrangidos e perplexos", disse o senador, ao destacar que a Casa não queria criar obstáculos para que o Supremo realizasse as investigações.
Paim, que também defendeu a votação aberta para decidir o futuro do colega, definiu o clima no Senado como de "tristeza e constrangimento". Um dos raros senadores na Casa hoje, o senador sugeriu que Delcídio se licencie por 120 dias do mandato de senador para se defender. "Por mais duro que a gente seja numa hora dessas, é legítimo o direito dele de defesa", disse.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda não apareceu na Casa nesta quinta e está em conversas com aliados para discutir o que fazer com o caso envolvendo o petista - ele poderia mandar, por conta própria, um pedido para o Conselho de Ética, como acaba de sugerir o PSDB.
Desfiliação. Paim disse que pedirá até o final do ano a desfiliação do PT, mas afirmou que só vai decidir um novo partido em 2016. Disse que o caso envolvendo Delcídio não influenciou sua decisão.
Um ex-petista, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), também votou pela manutenção da prisão do colega e, sobre o espírito da Casa disse que "não é bom, mas é um sensação de dever cumprido". Ele defendeu que o Senado aprecie logo o futuro de Delcídio. "Acho que está claro que ali houve um grave ato de quebra de decoro".
Cristovam acredita, contudo, ser difícil resolver o caso até o fim deste ano e teme que a demora possa favorecer Delcídio. "Vai passar o Natal, o Carnaval, espero que não termine esmorecendo o sentimento", disse. "A gente tem que fazer o mais rápido possível, respeitando os ritos".
Em discurso no plenário, a senadora Ana Amélia (PP-RS), que também votou por manter o colega preso, ressaltou a força das instituições, numa comparação com a Venezuela. "Nós tivemos ontem uma sessão histórica, podemos ir para a casa com a certeza do dever cumprido e que contribuímos com o nosso voto para que as instituições saíssem fortalecidas, especialmente o Senado da República", destacou.
Para Lula, tentativa de Delcídio de barrar Lava Jato foi 'uma grande burrada'
Em almoço com dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do PT nesta quinta-feira, 26, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “uma grande burrada” a tentativa do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) de tentar barrar as investigações da Operação Lava Jato.
Lula foi provocado durante o almoço na sede da CUT, em São Paulo, a comentar o assunto, mas tentou se esquivar do tema. Se limitava a dar respostas curtas como “é um absurdo” ou “que loucura”. Diante da insistência disse que “foi uma grande burrada, ou alguma palavra parecida”, segundo um dos participantes do almoço.
O ex-presidente disse ter ficado surpreso quando soube dos detalhes da gravação que levou Delcídio à cadeia. Para Lula, o senador é um político experiente, sofisticado, que não poderia ter se deixado gravar de forma simples como foi feito por Bernardo Cerveró.
Embora não tenha o hábito de abandonar os companheiros pelo caminho, Lula não deve sair em defesa de Delcídio, ao menos que o senador apresente uma defesa consistente sobre o ocorrido. Segundo pessoas próximas, Lula condenou a ação de Delcídio contra a Lava Jato e considera que a atuação do senador preso causou constrangimento para o governo e para o PT.
O ex-presidente foi consultado pelo presidente do PT, Rui Falcão, antes da divulgação da nota na qual o dirigente petista diz que o partido não deve solidariedade a Delcídio. Apesar disso, Lula ainda não se posicionou sobre a possível expulsão do senador pelo PT.
Na manhã desta quinta, durante o evento sobre redução da desigualdade social promovido pelo Instituto Lula, CUT e Fundação Friedrich Ebert, o ex-presidente preferiu ficar calado, apesar da insistência de outros participantes para que tomasse a palavra e do tema, sobre o qual costuma proferir longos discursos.